20 de março de 2008

Resposta ao circo de horrores


Eu acho muito bonita a profissão de policial, acho realmente que um policial deveria ganhar mais, pelo menos mais do que um bandido pra que não se deixasse ser corrompido por ele. E eu penso de uma forma a respeito disso. Nós temos o costume de falar sobre certas situações no Brasil como, se nós cidadãos, fôssemos de Marte, Vênus, Platão ou um alienígena qualquer. Isentamos nossa culpa em tudo isso. A sociedade está cada vez mais individualista e somos nós quem estamos criando essa nova sociedade, não é nenhum extra-terrestre não. Se ressalta a necessidade de uma vida mais digna pra um policial porque você é um policial, porque se você fosse um bandido você estaria contra a legalização de drogas e ****** quem destrói sua vida por um pó. Hoje cada ser humano só pensa na sua profissão, em ganhar dinheiro pra sobreviver nesse mundo que se exige cada vez mais o real como cartão de visita. Se você é um delegado, você não olha pra um escriturário, se você é um juiz, você esquece que estudou o mesmo curso de direito que um advogado cursou, se você é médico, que se danem os enfermeiros. Se você é um motorista, que se dane quem está a pé, esperando um ônibus na chuva. Estamos vivendo na selva, cobra comendo cobra. Quem são as pessoas que estão educando as crianças hoje? Televisão, avós, babás, escola, tia, vizinha. Se nós colocamos o futuro da nação na responsabilidade de outras pessoas, por que iríamos ter pessoas que se preocupasse com o futuro, se não teve ninguém que se preocupasse por elas? Quais são os valores de respeito, família, amor, humildade, ética, moral, que está sendo passado pra essas crianças?
E a gente exige que elas se transformem em adultos bem sucedidos, educados, equilibrados emocionalmente. Acho que somos burros ou algum tipo de robô criado em algum filme de Steven Spielberg.
Somos nós quem criamos os bandidos, não só os da favela, mas os políticos bandidos também, somos nós quem queremos empregos públicos pra na primeira oportunidade poder faltar, ganhar alguns feriados a mais ou até mesmo ter um cartão corporativo. Somos nós quem reclamamos do presidente, mas se fôssemos presidente, quem disse que faríamos diferente?
Somos nós quem gritamos Liberdade de Expressão, e confundimos com libertinagem. Se passa, é porque tem audiência, se tem audiência, vai continuar passando. Somos nós quem não temos se quer uma boa relação com nossa própria família, quem dirá uma boa relação na sociedade. Gente queimando gente, gente acorrentando gente, gente comendo gente. E isso só muda se a gente fizer gente como a gente, se a gente tratar as pessoas como a gente quer ser tratado, se a gente educar pessoas como a gente quer ser educado. Se a gente olhar o próximo como a gente quer ser olhado.
Eu acredito que nós é que precisamos mudar nossa concepção de valores, aí os policiais ganhariam muito mais do que um bandido. Aí os educadores ganahariam tão bem quanto um vereador. E a sua resposta de quanto vale a vida de um policial seria fácil responder. Vale o valor que nós depositamos nele ou em qualquer outro profissional que exista na face da terra.
Eu tenho esperança, procuro fazer diferente. Procuro lutar mesmo que me sinta só, porque aprendi a cantar que:
"... que um filho teu não foge à luta,
nem teme quem te adora a própria morte.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil! "



p.s: nada do que falei é direcionado a você João especificamente, mas de uma forma generalizada.

Um comentário:

João Neto disse...

"E a sua resposta de quanto vale a vida de um policial seria fácil responder. Vale o valor que nós depositamos nele ou em qualquer outro profissional que exista na face da terra." (Mattoso)

Simoni,

Se eu tivesse que mudar alguma coisa no seu texto, seriam apenas algumas linhas ou mesmo apenas poucas palavras. Concordo basicamente com tudo o que você escreveu, sobretudo quando você fala da nossa responsabilidade (ou irresponsabilidade) coletiva. De fato, precisamos ser mais atuantes em todos os campos e buscarmos manter a nossa honestidade em qualquer situação. Quando escrevi o texto foi na intenção de demonstrar um pouco o que é a vida de um policial, dos bons policiais pelo menos. E, é claro, fazer as pessoas pensarem um pouco nesse profissional que anda tão desvalorizado hoje em dia. Acho que consegui o intento.

Ps.: Não se preocupe com o que vai escrever. Não tomo nada como pessoal, a não ser que você cite diretamente o meu nome. Luv you!