24 de setembro de 2008

No balanço do mar

Sea of the soul por Shana
No balanço das ondas
vem o remanso.
Vem o balanço e eu avanço.

No balanço das ondas
o mar se agita, a gaivota grita,
longe o navio apita.

No balanço do mar
quero somente navegar,
para meu amor encontrar.


Por Joseph Dalmo (agosto, 2008)

16 de setembro de 2008

O grito do velho Chico

Canoa de Tolda do Rio São Francisco
Para ouvir o grito do velho Chico, basta olhar para o atual estado do Rio São Francisco. Está assoreado, todo seco, enlameado e mal amado. É comum o encalhe das embarcações, que antes navegavam em toda sua hidrovia. Não há mais peixes, em muitos lugares, hoje mal navegam as pequenas canoas do transporte dos ribeirinhos.
Longe ficou aquele rio grandioso, que era chamado rio da integração. Longe ficou aquele rio da minha infância, que vi pela primeira vez quando nos meus dez anos percorri de Propriá a Canindé do São Francisco, numa canoa de tolda, (com sua bolina de tábua, leme, moitão e a tolda que servia de abrigo para os passageiros) numa viagem inesquecível, que demorou uma noite e um dia, e que guardo na memória. Bem cedinho a gente saiu de Propriá e navegamos até quando anoitecia e o Sol nas margens do velho Chico desaparecia alaranjado, refletido nas águas do rio as cores amarela, vermelho e dourado, que lembravam as cores das paletas dos pintores. Logo a Lua no firmamento bela e faceira aparecia. Ainda hoje não sai do meu pensamento aquela linda noite repousando na praia de uma ilha do São Francisco.
Lembro-me da viagem, navegando na canoa ao sabor do vento e na peleja dos canoeiros para navegar contra a correnteza das águas que corriam para o mar, carregando troncos, galhos, baronesas e muita emoção. Ou contemplando as belezas do rio, seus barrancos, suas inúmeras curvas, a intensa luz que aos poucos ia se abacinando no fim do dia. Durante a noite, dentro do pequeno confinado espaço, coberto pela tolda da canoa, ficávamos enclausurado na nossa consciência que tínhamos perdido a liberdade que o rio proporcionava e de suas amplas campinas de arbustos que margeavam seus bordos, onde os pássaros silenciosos se recolhiam para passarem a noite. No céu, o imenso azul escuro do firmamento, era uma concha estrelada bordada pelo Criador que numa Divina inspiração criou este maravilhoso rio.

10 de setembro de 2008

Uma casa sozinha no campo

Left_alone_by_Darkbry


É uma casa é sozinha, tão engraçada, tão estranha, feita com carinho, sem pintura, coberta com a pátina do tempo que marca sua história.
Fixada em uma clareira, ao lado de uma árvore de muitos galhos que faz companhia para a velha casa.
A casinha de telhado de telhas canal, com ervas daninhas deixando elas escuras. Tem goteiras, mas não importa, se a noite de dentro pode-se ver as estrelas.
Construída com uma portinha ao lado de uma janela. Tem uma chaminé onde sai fumaça de um fogão apagado. Caminho pelas suas paredes manchadas e passeio pelo seu telhado.
Cercada de mato crescido, onde pasta um gado fantasma, que não come e não engorda, são almas penadas.
As nuvens cinzentas no céu parecem dizer que vai chover.
Imagino águas caindo do céu amarelo, escurecido pelas nuvens. Mas, o Sol brilha através delas, teimando em levar seus raios brilhantes, como luzes em tubos a liberar o caminho para a velha casa.
O Sol e a chuva brigam sua eterna batalha, por uma varinha mágica, que marca o tempo chuvoso ou brilhante para iluminar ou encharcar a casinha. Sol e chuva misturados querem casar. Quem sabe o Sol verdadeiro esta longe de amar.
O vento sopra forte e parece que vai levar a pobre casa que oscila, como um barco no mar. Vento que leva, para dentro, o frio de agosto. Um frio que arrepia os ossos de um cão faminto que procura um canto para se aquecer.
Fico curioso para saber quem mora na casinha, tão simples, tão linda, como um castelo, que compõe o cenário dos mais singelos, esquecida a flutuar, em silêncio adormecido, em paz.

7 de setembro de 2008

Mergulho de garrafa

Abudefduf_saxatilis_by_Chayan

Eu mergulho e vou ao fundo mar, borbulhas saem da garrafa e quando respiro partem bolhas de ar e os peixes passam por mim nadando nesse aquário cheio de vegetação. Estou bem no fundo do oceano, e através da máscara vejo corais, algas, sargaços e um cardume de peixes migratórios, não tenho medo estou no reino encantado de Netuno, o deus romano dos mares. Navego entre os tentáculos das anêmonas, sobre as estrelas do mar dormindo em um leito de areia sem nada que atrapalhe, e penso no mundo encantado que me encontro, fico feliz, sem nada para explicar, esqueço tudo, só ouço o som do meu suspiro, bem prolongado, uma respiração profunda, semelhante ao suspiro do barril de onde eu retiro o meu vinho.
Fecho os olhos e sonho, um lugar tão lindo, tão tranqüilo, um vale encantado, misterioso, habitado por fadas, sereias e seres imaginários dos contos de carochinha que eu escutava quando criança. No sonho, estou em uma gruta de coral apreciando, admirado, o belo cenário, longe eu enxergo as montanhas que se erguem do leito marinho. Sinto a força da corrente de um rio oceânico. Mais adiante, esse rio se abre como um leque, abrangendo uma largura descomunal, talvez para frear sua corrente que tudo quer levar.

Traduzindo em versos...

Eu mergulho de garrafa
e vou bem ao fundo do mar.
Quando respiro saem bolhas de ar.
Estou no fundo do aquário,
e sonho com o lindo cenário.
Vejo os peixes, e corais.
Mundo habitado por sereias,
que repousam na areia,
do fundo desse santuário.

Fecho os olhos e mergulho,
num lugar tão tranqüilo, encantado,
misterioso, de um vale habitado,
por seres imaginários de meus sonhos,
dos contos dominical,
que eu escutava quando criança.
No sonho, estou em uma gruta de coral
apreciando os cardumes multicores,
que guardo na lembrança.

por Joseph Dalmo (set, 2008)

5 de setembro de 2008

Retalhos de Lembranças em versos

Praia do Castro - Rio Piauí (Foto: Clovis Franco)

Lembranças nunca esquecidas,
sempre vividas, são tantas...
Mas, uma não sai do coração,
minhas férias de verão.
De um belo rio com uma linda praia.
Deste local encantado eu queria,
as lindas recordações guardar;
daquele de rio e os banhos de mar,
dos castelos de areia que eu fazia,
das brincadeiras, das pescarias.

Na inquietude de criança,
eu andava em todos os lugares,
daquele cenário, com cheiro de mar,
mas, um eu gostava particularmente,
que era subir em um monte,
onde ficava a igrejinha do lugar.
De lá avistava o rio Piauí,
que em direção ao mar passava.
Foi um passado que eu vivi,
era as férias que eu amava.

Esta visão eu guardo na mente,
o povoado, o rio, o verde.
Verde do manguezal,
verde do coqueiral...
As margens do rio, pedras e areia,
da praça, o areal, a aldeia
que ao longe parecia um presépio.
Da igrejinha abençoando o rio,
do sol brilhando como um farol,
a mergulhar no rio durante o pôr-do-sol.

A memória reavivada descansa.
Adeus! Adeus! Velhas lembranças.
Jamais me esqueço daqueles dias.
Hoje, revivo com alegria,
daquelas belas recordações,
para sempre vividas no meu coração.
Queria minha infância novamente.
Impossível! Não, ela esta na mente.
O tempo que passou não tem meio, começo, ou fim.
Mas, no pensamento eu enganei o tempo, enfim.


Por Joseph Dalmo (agosto, 2008)