30 de dezembro de 2009

Segredos


Na penumbra do quarto
quero saber todos teus segredos
e conhecer todos os teus medos
Sentir o suspiro do teu peito farto.

Com os dedos percorro o teu corpo
e sorvo o teu suor com um suspiro
E só em pensar, eu deliro...
em cheirar todos os teus poros.

Danço ao som de teus gemidos
e sinto com todos os meus sentidos
o calor do teu corpo contra o meu,
sob o brilho de um camafeu.

Depois uma dança alucinante,
paramos um breve instante e
colamos nossos lábios,
com a volúpia de dois amantes.

Joseph Dalmo (dez, 2009)


Imagem: Couple by cosfrog

10 de dezembro de 2009

Atrás dos dias


Ando sem rumo
torcendo meus dedos
para não sair do enredo,
o enredo é meu segredo,
não digo a ninguém que ando nu
nas ruas do meu eu.

Passeio atrás dos dias
sem saber aonde ir,
vou por onde a vontade me guia
e quando chego onde não quero
pego minhas trouxas sem demora
digo adeus e vou embora.

Vagueio com um lume na mão,
cego, amedrontado, assim
a procura de uma ilusão,
sem saber que verbos passivos
habitam calados, em mim....


Por Joseph Dalmo (dez, 2009)

Imagem: Beach_love_by_Enigma

2 de dezembro de 2009

Alma de poeta


Sonhei que minha alma estava num poço profundo
e não conseguia subir.
No princípio veio o medo
e uma angustia de não sair.

Um viajante passou por perto
e viu a minha alma naquele lugar
e disse que: se ela meditasse
a fim de purificar
seu pensamento,
ela poderia sair do isolamento
e todo seu sofrimento
iria cessar.

A alma meditou,
Orou,
Pensou,
Mas no buraco permaneceu.

Outro viajante apareceu
e me disse que o sonho não era real
que tudo era ilusão.
Então acordei na mesma hora
o meu medo tinha ido embora.
Juntei os destroços,
cobri o poço profundo,
respirei bem fundo,
levantei-me do chão.


Por Joseph Dalmo (02/12/09)

Imagem: hole__by_naliaa

27 de novembro de 2009

Escalando as nuvens




Esculpindo a pedra bruta
Correndo uma maratona
Escalando um alto monte
Dentro dos teus pensamentos
Dentro dos teus sentimentos
Dentro dos teus sonhos
Achei em ti, o quê procuro.
A escultura que não completei
O troféu que não conquistei
O sonho que não achei
O amor que sempre
Procurei.

Joseph Dalmo (nov, 2009)


Imagem: Because_we_can_t_fly_by_pesare

25 de outubro de 2009


Meu livro predileto


Meu livro predileto é a vida
nela busco minha inspiração
trabalho meus poemas
com muita observação
são tantas coisas
que vejo nas flores do jardim
que penso sobre as tragédias humanas
que medito na filosofia
ou que reflito na poesia.

na vida aprendo com a natureza
seja um por do sol no horizonte
que me motive, alegria ou tristeza
ou um disco prateado no céu
que desperte um amor ardente
ou uma pequena estrela bem longe
que deixa minha alma contente
vou tecendo com muita lida
a trama do tecido
das páginas da minha vida.


Por Joseph Dalmo (out, 2009)

Imagem: Books by de Ice11

16 de outubro de 2009

Meu legado



Meu legado



Já tive muito
encontros
Já tive muito
desencontros.
Já tive muita
alegrias
E muitas
decepções.
Perdi pessoas amadas
Perdi minhas economias
São águas passadas.
Porém, jamais esquecidas.

Hoje, valorizo
cada segundo,
cada momento,
cada lamento...
Cada pensamento,
que sai da minha memória
Cada troféu conquistado,
durante a minha trajetória
que deixarei como meu legado.


Joseph Dalmo (out, 2009)

22 de setembro de 2009

Olhar perdido


Quando ela surgia, linda demais, bela e faceira, passou a fazer parte de meus dias.
Alguma hora do dia eu sofria e quase morria de prazer ao ver aquela mulher. Já não suportava mais, ela me prendia, dominava todos os meus pensamentos.
Enlouqueci de amor quando um dia ela me olhou, com o olhar perdido, retribui absorvido, quase hipnotizado por aquele olhar, cheio de malícia, que me deixou dopado. Foi então que me deparei, que de tanto a ver, de tanto desejar, me cansei...
“Afinal, esperar é tarde demais, quando não se tem a eternidade”

Por Joseph Dalmo (set, 2009)

Imagem: Solitude_by_anjelicek

20 de setembro de 2009

O amor que perdi




Te perdi
Sem saber
Sem querer
Abusei
Eu sei
Que não
Dei
Atenção
Não dei Valor
Ao teu Amor
Agora que me deixou
Para te esquecer
Só se eu morrer
Agora o que mais dói
E minha alma remói
É saber que tu e eu
Nunca mais seremos nós
E se em alguma estrela
O destino novamente nos unir
Eu nunca mais vou esquecê-la.

Por Joseph Dalmo (set, 2009)

Imagem: Olhares

16 de setembro de 2009

Impregnar-se


Meu ser tem fome
Minha boca tem sede
De ouvir teu nome

Quero impregnar-me
com teu aroma
Quero sentir
o teu charme

Quero te amar perdidamente
Senti tua boca na minha
Em um divino instante

Quero despertar
teu instinto carnal
no urro gemido
do gozo final.

Joseph Dalmo (jul, 2009)

Imagem: Silence by `Gwarf

11 de setembro de 2009

Navegando juntos


Querida quando eu chegar
Com meu barco na tua enseada
Quero ancorar em teu cais
Ou em qualquer lugar

Vou fazer amor com paixão
com calma ou com tempestade
De verso ou avesso
Seja na cama ou no chão

E no final vou te satisfazer com gosto
Pondo minha língua em tua boca
E encher de selinhos teu rosto.

Quando acabar de fazer amor
Vou içar as minhas velas
Partir mar à dentro
Levando-te junto na minha caravela.

Por Joseph Dalmo (set, 2009)

Imagem: My_Dream_Boat_by_Hassan

4 de setembro de 2009

Sussurros silenciosos


Minha alma silenciosa
Vagava pelos caminhos
A procura de meu amor
E de repente, te escuto
Gritando por mim.
Não sei de onde vem
O grito que ecoa
Nos meus ouvidos.
Usei todos os sentidos
E não te encontrei
Ouvi então, longe
O teu sussurro silencioso
Me chamando.

Joseph Dalmo Almeida (set, 2009)
Imagem: Feeling_the_wind_by_Killercatkiara

2 de setembro de 2009

Mostre seus sonhos


Mostre seus sonhos

Na paz dos sonhos
busco explicação.
Mar, mulheres, amores...
Na noite... a solidão.
Nos pesadelos, horrores
Começa o sonho, termina o filme,
parece que perde sempre a hora
e quando me lembro
esta na hora de ir embora.

E os sonhos?
Quando interrompidos,
são odiados.
Quando terminados,
são fragmentados.
Quando são perfeitos,
merecem respeito.
Quando devaneiam,
quebram o quebranto.
Com um belo sonho,
o dia se completa
e completa o encanto.

Por Joseph Dalmo (set, 2009)
Imagem: Olhares - So to listen the music

23 de agosto de 2009

Quebra cabeças


Quebra cabeças

Fui feliz
cantando
sem ser cantor

Fui poeta
Inventei poesias
Misturei tinta no papel

Já fui cenógrafo e fiz cenários
Noite de lua quarto minguante
No fundo o capim sendo
devorado por elefantes

Reinventei o Jonas da baleia
Criei esculturas na areia
Pintei uma gaivota
riscando o céu.

Tudo é arte
A vida é feita de encartes
A realidade é uma poesia
Nas trilhas da vida fiz minha parte.

Joseph Dalmo (jun, 2009)

Imagem: Puzzled_by_lulusoccer

18 de agosto de 2009

Temperando um querer


Busco uma fêmea
Para ser currada
Não vou aliviar nada
Quero tudo e ir a fundo
Quero uma mulher que precise de homem
E não de um moribundo
Que lhe rompa e entre com força
Que a empurra contra o chão
Quero capturar esta corça
Dentro do meu alçapão.
Empurrar até derreter
Machuca-la sem tempero
E sinta dor com meu querer
Quero uma mulher que se abandone
E mate minha fome.

Por Joseph Dalmo (ago, 2009)


Imagem: Luz que aquece e Reconforta a alma - by Guilherme Santos

13 de agosto de 2009

Meu pé de laranja lima


Na casa que eu morava tinha um enorme quintal. Havia várias árvores frutíferas: Um pé de sapoti, goiabeiras, e laranjeiras, mas por uma eu tinha uma grande estima, era um pé da laranja lima, suas folhas tinham um cheiro gostoso que não sei descrever (se é possível descrever o cheiro). Um recanto que não esqueço, era o meu canto preferido, o meu mundo escondido. Uma lembrança que agradeço.
Um dia nasceu das flores da laranjeira umas frutinhas bem verdinhas. Como pode um flor virar bolinha? Pensava eu quando criança! Não tive dúvida, arranquei, uma a uma, para brincar. Anda guardo de lembrança a minha decepção quando minha mãe arrancou da minha mão as minhas laranjeirinhas e ralhou com minha imaturidade.
Mas, por que tanta contrariedade? Por umas pequenas bolinhas?

Joseph Dalmo
Imagem: Orange_by_coronis

9 de agosto de 2009

O strip-tease


















Fecham-se as cortinas
Acendem-se velas...
À meia luz, surge gostosa
uma linda pantera.
Nesse clima, ela se sente bela.
Começa o strip-tease.
Momento que ela
se sente poderosa.

Uma música sensual...Toca.
Lingerie preta, a meia luz
No ar, um clima de sedução
Ela dança enquanto passa a mão
carinhosamente em seu corpo.
Extasiado ele olha - em adoração.

Ela dentro de uma roupa sexy
Vestida para matar
De blusa e saia soltinha,
não há como não arrasar.
Por baixo, veste tanquinha
Em cima, o corselet, combinando
cinta-liga e meia 7/8, bem sexy.

Começa a tirar, devagarzinho,
peça por peça: saia,
blusa, corselet, calcinha.
As ligas, meias pretas...
Por último, o sapato alto,
que modelava as pernas
com muito ressalto.

Finalmente nua, deslumbrante
Excitada, espera o amante
para fazer amor perdidamente.
Este hipnotizado olha para
o seu sexo, como seu horizonte
que ela leva para ele triunfante.

Joseph Dalmo (ago, 2009)

20 de julho de 2009

A tal liberdade

A noite estava muito clara
Vi sobre o telhado
Uma irmandade
de quatro ou cinco gatos
Um gato macilento e pardo
Um perguntava pro outro
O que é liberdade?
O gato preto e rajado
Respondeu com ar de quem sabe
Liberdade meu compadre
Só sabe quem foi escravo
É uma coisa louca que assusta
Pode ser boa ou pode ser a luta
da vida contra o destino
Na liberdade, a gente não toma tino
Já sem liberdade, tudo fica por conta do dono
Isso é verdade disse um gato prateado
Com seu tom falseado
Eu fugi do meu dono, pelos telhados
Vivia na casa de um ricaço
E foi criado com muitos regalos
Eu e outros gataços
Éramos tratados como bichanos
Mas não podíamos sair
De jeito nenhum do palácio
De sorte que cresci e aborreci
Achei melhor viver na rua e sai
Do que ficar na mansão encerrado.

De repente passou silvando
Um tiro disparado
De um quintal por um raivoso soldado
Atônicos e assustados
Saíram em disparada
Depois, confusos e desarranchados
Acabaram se ajuntando
Disse o gato falseado
Por hoje de boa escapamos
E sabe de uma coisa?
Vou voltar para meu amo
Por que de água fria
Tem medo gato escaldado.

Por Joseph Dalmo (jul, 2009)

19 de julho de 2009

O Soberano infeliz

















O soberano infeliz

Num país distante havia um rei muito rico que se julgava a tudo superior e tinha o mundo inteiro aos seus pés. Possuía muito ouro, prata, e esplendor. Seus súditos o amavam ou temiam. O país era um Reino de Quimeras onde o aroma das flores recendia nas suas eternas primaveras.

Só o rei vivia em perene tristeza, era uma melancolia sua vida e a satisfação dos seus menores desejos fazia-lhe um estranho mal. Sua alma vivia perdida, como um barco num temporal. Tudo era tentado para agradar o soberano, tudo inútil, tudo insano.

Um dia chegou à corte a fama de um sábio santo franciscano que poderia curar o soberano. Foram envidados mensageiros para trazer o monge a qualquer preço para ver o rei.
A cidade engalanou-se em festas para recepcionar o venerado frade, mas para a decepção da multidão o frei era baixinho, e mirrado, mesmo assim o frei foi levado a presença de sua majestade.
Na sala coberta de prata e dourados entrou o pobre franciscano. O rei esperava-o lasso e desanimado, enfadado e alheio e amargurado. O rei escutou seus conselhos. Ele disse:
- Ó rei, o lazer, o prazer não é bastante para ti, a satisfação de teus menores desejos é o que te deixa infeliz e distante. Desce de teu trono, ó majestade, vai conhecer um verme rastejando, vai conhecer a dor ou insanidade, vai ver um faminto mendigando ou os desgraçados implorarem compaixões. Tu tens sede de sofrimento, sede da verdade, depois, então saberás apreciar as belezas, das imperfeitas perfeições de teu país e alcançará a felicidade.
Lembre-se quem nunca sofreu nunca saberá o que é bem-estar. Uma coisa inexiste sem outra, o preto sem o branco, é o avesso e o direito se inteirando, são dois sentimentos antagônicos se completando.
No fim das palavras do franciscano, um milagre aconteceu! Finalmente o rei descobriu a causa de sua infelicidade.
Então, sorriu...gargalhou e morreu.

Joseph Dalmo (jul, 2009)

Imagem: King_by_SnowSka

24 de junho de 2009

Apelo afrito

Foto: olhares


Apelo Aflito

Curvas femininas
Misteriosa e sensuais
Um apelo para o amor
Pétalas de flor

Seus olhos
Lágrimas apago
Com um sopro
De um mago

Aflito admiro
Derrapo nas curvas
Dos seios
E suspiro

No centro
Umbigo
Começo do mistério
Antigo

No regaço
Os dedos
Percorrem
O traço

Em baixo da calça
O púbis veludo
Liso e Suave
Tudo.

Por Joseph Dalmo (jun, 2009)

5 de junho de 2009

Chá de Morango

Imagem: Strawberry Kiss by jerry matchett

Fruto vermelho de morango
se deseja nos lábios
Ele oscula

Macio como morango
se deseja na face
Ele invade

Chá espesso de morango
se deseja provar
Ele jorra

Flor silvestre de morango
se deseja na boca
Ele come.

3 de junho de 2009

O Veleiro


O veleiro singra o mar revolto
Em uma noite infernal
O mar agitado quer
engolir tudo afinal.
Os marinheiros taciturnos
procuram lutar sem futuro,
seja heróis, ou marujos obscuros
não conseguem vencer Netuno.

O mar como o fim do mundo
não para nem um segundo
pra os homens respirarem.
No fim o veleiro sangra
Águas enchem o porão
Rasgam-se as velas
Quebram-se os mastros
E uma força inumana
estremece a embarcação.
Homens no mar, sem sorte.
Suas carnes o oceano clama
as trevas escuras reclamam a morte
.


por Joseph Dalmo (maio, 2009)

2 de junho de 2009

Último adeus

Letícia lendo sua crônica em que você fala de forma lírica da morte (Rotineira) me inspirei para retratá-la em versos (posso?).
Você quando decide exuberar, não tem pra ninguém...
Beijão.

Último adeus

a gente morre de repente
quase displicente
flor ardente
volta para o chão
não assiste mais televisão
não se apronta mais
não escreve Hakais
a memória congela
o corpo revela
não se fala mal
na hora do funeral

ausência dobrada
lar partido
página virada
falta sentido
uma vida inteira
e num instante, poeira
e num minuto, adeus...
e tudo continua
o mundo não liga, é ateu.

Por Joseph Dalmo (jun,2009)