14 de março de 2008

Doces Mentiras

photo by Jinju1 - deviantart.com


Ela, como boa mulher que era, perguntou-lhe se teria encontrado muitas gatinhas na praça enquanto fazia a sua corrida diária. Ele, como bom homem que era, havia realmente percebido muitas mulheres bonitas na praça, contanto, nenhuma que realmente lhe chamasse à atenção. Mas todo homem, por melhor que seja, tem um pouco de cafajeste, e este, pensando rápido, respondeu que seria impossível notar gatinhas em uma praça que já estava tão repleta da presença dela. Ela, como bom ser humano que era, acreditou. Sabia que era mentira, uma doce mentira, mas aceitou e ficou feliz e sapecou-lhe um beijo molhado e cheio de promessas. Somos assim, aceitamos as doces mentiras que nos fazem crer que a vida é sempre bela e cheia de poesia. E quem foi que disse que a vida não é bela e cheia de poesia? Acreditamos que no fim tudo dará certo, que o amor faz sentido, que os nossos excessos são perdoáveis, que barra de chocolate não engorda, pelo menos não muito... acreditamos em coelhinho da páscoa, em Papai Noel, em pote de ouro no fim do arco-íris, e só não acreditamos em político nacional porque aí, ora bolas, seria ingenuidade demais! Mas não é ruim crer em certas mentiras e assim darmos sentido ao nosso mundo, assim seguimos adiante sempre com nossas esperanças renovadas. Vida é poesia e o poeta é um louco mentiroso contumaz. Um louco mentiroso contumaz que todos adoramos amar, ouvir e acreditar em tudo o quanto ele diz...

2 comentários:

Letícia disse...

Homens e seus olhares e mulheres e suas interrogações. Somos todos doces mentiras e mentira, quando dita com sabedoria, se torna verdade. Basta que alguém acredite.

Adorei o texto. Você está pronto e se eu fosse uma santa, abençoaria sua obra. Sem exageros... Não sei exagerar. :)

"Vida é poesia e o poeta é um louco mentiroso contumaz. Um louco mentiroso contumaz que todos adoramos amar, ouvir e acreditar em tudo o quanto ele diz..."

(João Neto)

E eu acredito em tudo - até em nuvens de algodão. Poetas são como crianças descobrindo que viver é bom.

Ella disse...

Corretíssimo!