11 de abril de 2008

Coragem, Coração e Cérebro

(foto por jonukwho - deviantart.com)


Construo caminhos com meus próprios tijolos de ouro. De tolo, claro... Mas é fabricação própria, não devo a ninguém. Quanto ao mágico, se aposentou há tempos. O encanto se foi junto com ele, e por isso a lua não é mais feita de queijo e estrelas cadentes não realizam mais desejos. Já a bruxa má resolveu expandir os horizontes, terceirizou alguns serviços e abriu franquias, conseguindo chegar aos quatro pontos cardeais. É isso, a bruxa está solta e eu aqui preso em tergiversações sem sentido. Mas a busca continua a mesma. Procura-se coragem, coração e cérebro. Assim, os três ao mesmo tempo. Não serve em doses homeopáticas dadas de seis em seis horas. Tem que ser aplicado direto na veia e em dose única. E antes que você sugira, também não aceito em forma de supositório. Ando tendo alucinações. Ou não? Ainda ontem o Ming, aquele mesmo, O Impiedoso, bateu à minha porta e foi logo dizendo que vinha buscar a minha alma. Negociei com ele e ofereci em troca um par de chicletes Buballoo, uma fita do Senhor do Bonfim e um clipe enferrujado. Ele não quis, os chicletes não eram de uva. Apelei para o seu bom senso. Sua tarefa não era coletar almas, e sim tirar a paciência do Flash Gordon, ou seria o contrário? Por fim, viu que não valeria a pena, havia almas mais interessantes para tomar. Respirei aliviado, apesar da desfeita, e me comprometi em comprar uns chicletes de uva para necessidades futuras. Ponho casaco em dia de calor. Ando nu quando faz frio. Tomo remédio sem receita. Faço poesia quando quero fazer prosa. Cumpro promessa que não fiz e faço chá das minhas demências. Eu sei. É muita confusão e papo sem sentido. Mas é que, desde então, há um vazio muito grande. E como não sei mais o que fazer para ocupar esse vazio, preencho-o com qualquer idéia que me ocorra. Onde está a Dorothy? Onde está a minha coragem, meu coração e meu cérebro?

2 comentários:

Letícia disse...

Coisa de criança, desabafo de quem já brincou de correr contra o vento. Esse texto é isso. Em minha análise, já falei. Construir caminhos é desejo de continuidade - esperança e vontade de seguir ou voltar atrás. Voltar também se faz continuidade quando voltamos às coisas que nos salvam. E coragem, poeta, é artesanato do tempo. O tempo fez arte com você - boa arte e agora você já tem seu próprio caminho e anda sem parar - ovulando esses textos. Ovular não lhe tira a masculinidade. Pelo contrário. Mostra que você é arte. Sem conceitos atrasados. Arte pura de João Neto, meu grande amigo de todas as horas.

Crazy Diamond

Simoni Oliveira disse...

Bom, agora é fazer um estoque de chiclets de Uva. Só por precaução :).
Quanto as doses únicas, essas são raridades, penso que fomos formulados para sermos servidos em doses homeopáticas mesmo. Esse molde que construímos para ser preenchido de uma única vez é frágil, e a força de uma dose cavalar poderia quebrá-lo. Até mesmo porque nunca estamos satisfeitos com as qualidades que nos são oferecidas. Pensamos que esmola demais o santo desconfia. Ou não conseguimos ver no outro, porque simplesmente não vemos em nós também. Por isso quando chegam de seis em seis horas, nos parecem mais perceptíveis.
E vc está no caminho certo João, à procura. Enquanto não chega, façamos poesias.
Beijos