6 de fevereiro de 2008

Uma Xícara de Melancolia Como Desjejum

Acordou melancólico
Certo de que nada possuía
Teve um sonho, um sonho ruim
Não lembra, não quer lembrar, tem raiva de quem lembre
Quer uma taça cheia de boas memórias que não o façam chorar
Quer viajar e ser o outro
Quer as novas roupas do rei que está nu
Quer outro corpo, nova identidade, novos documentos e lenços para enxugar o suor
Não sabe o que sentir
Não consegue elaborar mentiras confiáveis
Não quer ser verdadeiro, não suporta ser falso
Uma música comprada na livraria, acompanha remédio para dor de cabeça
Um livro encontrado no chão, acompanha doses extras de tédio e muito o que fazer
Cobranças que não compreende, rastros de uma caçada infantil
Suas
Alheias
Vindas de todos os recônditos e espaços ínfimos que não consegue vedar
Julgava-se livre
Pura retórica indisciplinada e incompreensível arquitetada em pensamentos que não conseguem encontrar paz
Uma xícara de melancolia como desjejum

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3 comentários:

Letícia disse...

Sempre viveremos desssas dualidades. Memórias boas - melancolia, sonho - realidade, alegria - tédio. Não há como ficarmos felizes o tempo todo, então vem a vida e nos traz sentimentos que nos façam ver a diferença.
Lindo poema, John.

Zélia disse...

Hoje,eu tive um pesadelo.Pensei nele o dia todo.Faz parte.O bom,é que posso escolher se quero o pesadelo ou o sonho...

;)

Cândida Nobre disse...

Obrigada pela visita. Belíssima a melancolia existente nas palavras (e nas xícaras). Apareça! Voltarei por aqui. =]