20 de fevereiro de 2008

Não vejo minha sombra


Eu leio aquilo que vivo, aquilo que sinto e escrevo pra que eu mesma me convença do que queria entender daquelas palavras escritas por outros que aqui passam. Eu tiro minhas conclusões, faço meus resumos e penso entender um pouco mais sobre você. Lido melhor com as suas frustrações do que com as minhas. Corro mais rápido quando as vozes dizem: contagem regressiva. Se já não entendo minhas contradições, as suas me parecem bem visíveis. Suas respostas parecem as minhas. Seu silêncio me provoca e me castiga. Gosto de ouvir pra que não tenha que falar a verdade, nem sempre as verdades te interessam, mas me mantem vivo. Mas essas dores, são suas ou são minhas? Não aceito em você aquilo que não aceito em mim. Só vejo em você aquilo que vejo em mim. Só falo de você, porque não sei falar de mim.
Mattoso.

6 comentários:

Letícia disse...

Simoni, Tá perfeito. Não tô exagerando. É a nova literatura chegando e como fico feliz ao ver vc escrevendo. :)

"Só falo de você, porque não sei falar de mim."

(Simoni Mattoso)

João Neto disse...

Não posso comentar nada diferente da Alice. Seu texto está perfeito, tão harmônico que pode ser facilmente traduzido em música (vale a sugestão para o Rock Star, Zélia!). E não sei mesmo falar de mim. Tenho tentado, mas sempre sai meio tosco e incompleto.

mari lou disse...

tem um cara, o luckman, q ele fala q é mais fácil ter acesso à subjetividade do outro do q à nossa. qdo estamos conversando com alguém, por exemplo, temos acesso a subjetividade do ouro ali, rapidinho, em função das suas falas, podemos tentar traçar um 'mapinha" d sua personalidade. jah à nossa própria subjetividade o acesso é mais difícil, pois nunca estamos d forma objetiva diante d nós mesmos, como o está o outro. e para poder acessar esse nosso mundo misterioso e particular, pessoal, é preciso parar o tempo na reflexão, o q reqer mto trabalho, ñ é tão fácil como entrar no mundo do outro.

enfim... lembrei! mas essa coisa d ficar especulando, normalmente é coisa d mulher.. rsrsrsr ñ vejo mto os homens se preocupando em decifrar a alma feminina: para eles está estabelecido o mistério. a gente mulher é q fica nestas tentativas... às vezes inúteis... aliás, sempre inúteis... rsrsrsrs

um bjo, adorei!

Zélia disse...

Simoni,

Você já sabe que eu sou psicóloga nas horas vagas :D Isso não é de hoje,não consigo evitar.Sempre achei que eu entendia melhor aos outros do que a mim.Falar de sí não é tarefa fácil mesmo!Do que cabe ao Outro,faria um filme.Soube quem era Lacan através de uma grande amiga psicóloga -Yonah, que está longe de mim agora.Depois de um longo inverno,me vejo diante dele novamente e fuço o que ele diz aqui e alí.Ao tratar dessa questão do outro,ele explica que para o sujeito,"eu", o Outro é “o lugar de onde pode ser colocado, para ele, a questão de sua existência”.Portanto,o Outro é como se fosse o meu espelho,o meu lugar de questionamento sobre a minha vida,desejos,meu destino e minha morte.Penso que isso viria a responder a sua questão quanto ao "dono da dor":no Outro,eu sinto a minha dor.Vou arriscar dizer que não viveríamos sem esse Outro.Sem aquele sobre o qual estabeleço o meu paralelo de vida.Portanto,se quisermos nos conhecer melhor,devemos olhar mais para esse Outro...

Desculpa,amiga,a ousadia de entrar na sua área.Se eu "viajei" demais,avisa,tá?

Simoni Oliveira disse...

Minha área...pode cosiderar nossa área, o diploma só vale pra ter uma cela melhor na prisão. eheheheheheh. Mas o conhecimento, esse você tem e não vou dizer de sobra, porque sei que estás sempre buscando conecer mais e mais.
Beijos

Anônimo disse...

bom comeco