22 de agosto de 2008

Lembranças da Infância

Rio Piauí, praia do Castro – foto Clovis Franco

Lembranças nunca esquecidas, sempre vividas, são tantas...
Mas uma não sai do coração, minhas férias de verão em uma linda praia de um belo rio. Deste local encantado eu guardo lindas recordações; banho de rio, castelos de areia, jogos de bola, pescarias, brincadeiras com os meninos e meninas. Tantas lembranças, dos pescadores, com suas imensas redes de pesca, das canoas de velas latinas coloridas, que traziam peixes para vender na margem do rio. Na inquietude de criança eu andava em todos os lugares daquele cenário, mas um eu gostava particularmente, que era subir um monte, onde ficava a igrejinha do lugar, de lá avistava o rio Piauí de cor de cristal azul, majestoso desfilando em direção ao mar. Esta visão ficava no lado do nascente, e nos outros quadrantes havia o coqueiral. Era um mar verde pontilhado de coqueiros, porém antes da praia do rio, se estendia o povoado, com suas casas, ruas e praça. Esta praça era especial, de frente para o rio, delineada por casas conjugadas, de uma porta e três janelas todas iguais. A praça era cercada dos quatros lados por lindos tamarineiros de grossos troncos e copas enormes, que faziam uma grande sombra, onde minha família ficava nos fins de tardes para curtir a fresca em longos bate-papos e nós crianças brincávamos na esteira ouvindo as conversas dos mais velhos.
No centro da praça existia um imenso areal, que a noite sob um céu estrelado, a gente brincava a luz do luar, de guerra de mentirinha, cujo objetivo era de cada grupo, levar a sua bandeira para o lado do “inimigo”.
Que lugar encantado, mágico, tinha tudo para fazer, um dia era uma pescaria no cais do trapiche, depois banho nas águas quentes do rio. Outro dia, saíamos para explorar o lugar, sempre havia um lugar para visitar. Começávamos pelas margens do rio, até onde terminava em um braço de rio, onde havia um manguezal, passávamos horas pescando crustáceos, (caranguejo, e siris). Era muita coisa para fazer naqueles dias, onde milagres aconteciam, era uma ilha da fantasia.
Colado no quintal da casa que ficávamos tinha um sitio de frutas, com: mangueiras, cajueiros, laranjeiras, mangabeiras e goiabeiras, que fazia a alegria da criançada. A gente fazia um buraco na cerca e penetrava no sitio para roubar frutas. Mas eu gostava mesmo era das mangas-rosas, saborosas, cheirosas que apanhávamos caídas, ou atirávamos pedras para derrubá-las, mas com medo de sermos pegos pelo dono do sitio.
Que pena de não me lembrar de tudo que passei, mas crianças não ligam para lembranças, não têm diários, suas lembranças se armazenam na biblioteca da mente, se lembram perfeitamente da primeira cobra que vêem, ou da abelha que lhe ferrou, do choro, da dor, mas logo estava disposta a nova arte, nova descoberta, nova aventura. Nas brincadeiras são sempre fortes, nas quedas e na dor.
Queria minha infância novamente, impossível, não, ela esta na mente, que bom, enganei o tempo.

Um comentário:

Sandra Goraieb disse...

Olá, Dalmo! Gostei do seu texto. Mais que bonito, acho que acontece um certa identificação. Não passei a infância nos mesmos cenários, os meus eram a fazenda e o interior de São Paulo. Mas é engraçado pensar que certas experiências, certas memórias, podem ser condivisas apesar da geografia... Infância. Tão curtinha a palavra, tão grande em importância.
Obrigada pelo convite de vir ver o seu blog. Valeu a pena. Venha ver o meu também, hora dessas : http://leiaorotulo.blogspot.com São assuntos mais árduos, mais cáusticos, também importantes (se a gente quiser que eles sejam). Um abraço e parabéns!